Odontogeriatria: interdisciplinaridade e percepção gerontológica na assistência domiciliar e hospitalar

O envelhecimento populacional é uma realidade demográfica no Brasil a qual irá ampliar com o passar do tempo. A organização de todos os setores, a destacar a saúde, deverão estar preparados para assistir pessoas idosas e suas especificidades.

Esbarramos, ainda, na falta de políticas públicas e um maior engajamento do profissional da saúde, a destacar na odontologia, na organização e implementação de estratégias que visam a inserção social e a realização de tratamentos dignos e capacitados, a partir de uma percepção integral e gerontológica.

A cavidade oral tem interferência direta na qualidade de vida do idoso, principalmente em questões biopsicossociais que, muitas vezes, são desconhecidas pelo próprio cirurgião-dentista. Aspectos funcionais, estéticos e de saúde devem ser considerados quando se planeja a saúde bucal do idoso.

O que adianta ter próteses com dentes brancos e não conseguir mastigar corretamente, absorver os alimentos e ter um suporte adequado em saúde?

Ainda vivenciamos e vivenciaremos o período crítico da saúde bucal do idoso por mais um período de 20-30 anos, caracterizada pelo edentulismo e a falta de serviços odontológicos especializados em atender corretamente o idoso, seja pela falta de profissionais com a especialidade odontológica (odontogeriatria) e interdisciplinar (gerontologia).

Os cuidados odontológicos ao idoso não pode se limitar a apenas implantes e próteses dentárias. Condições de saúde bucal precárias interferem diretamente na saúde e qualidade de vida, principalmente os acometidos por doenças sistêmicas (maioria) e/ou de caráter neurodegenerativo que necessitam de um suporte em nível domiciliar (home care) e hospitalar (a destacar na UTI e sob cuidados paliativos).

O atendimento domiciliar visa a adaptação profissional ao “novo ambiente de trabalho” e realização de condutas clínicas consideradas de mínima intervenção que visam a adequação do meio bucal. Geralmente, paciente acometidos por dificuldades motoras (impossibilitados de irem ao consultório odontológico) e neurocognitivas, a destacar idosos com quadros demenciais (Alzheimer, por exemplo), necessitam de um suporte educativo (familiar-cuidador), preventivo e intervencionista, quando necessário. A efetiva participação familiar e dos demais profissionais da saúde na melhor estratégia odontológica é fundamental para o sucesso do tratamento. Porém, esse tipo de assistência é pouco divulgado na formação do cirurgião-dentista, seja nas universidade públicas e privadas do país.

As atividades odontológicas em nível hospitalar são primordiais como parte do cuidado de excelência ao idoso (e a qualquer paciente). A deficiência de cuidados orais associada à dificuldade do idoso em realizar e ao tempo de internação favorecem o acúmulo de biofilme(dentário/próteses) e saburra lingual – considerados reservatórios microbianos de bactérias gram negativas associadas a infecções hospitalares, a destacar a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) e a pneumonia nosocomial (adquirida após internação hospitalar) na UTI. A falta de ações efetivas com o cuidado oral do idoso hospitalizado ainda é um desafio, pois cada hospital tem um protocolo e diretrizes de cuidados, geralmente realizados por técnicos de enfermagem despreparados em relação às estratégias odontológicas. Dificuldades enfrentadas nesse período de pandemia associado à COVID-19.

É importante ressaltar que, o fato do idoso apresentar uma saúde bucal precária antes da sua internação é um outro problema que se enfrenta após a internação hospitalar. Ou seja, a presença de focos de infecção dentários, processo inflamatório, lesões orais, tratamentos odontológicos não concluídos e a dor têm interferência direta na complexidade sistêmica e na recuperação do idoso. Focos dentários podem interferir em condições cardiológicas, bem como nas mais diversas condições sistêmicas a qual o idoso fragilizado acaba sendo acometido.

A integração da odontogeriatria com a odontologia hospitalar é fundamental, pois a maioria dos pacientes internados são idoso se necessitam de um suporte assistencial diferenciado. Porém, esbarramos na falta de profissionais com essa capacitação e formação profissional no país e, pela nossa experiência, em outros países da América Latina e mundo.

Condições sistêmicas podem se tornar complexas, agravantes e sem possibilidade de cura, a destacar as que envolvem a oncologia, problemas cardíacos, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e acometimentos neurodegenerativos (Alzheimer), e diante disso, não se pode excluir o contexto da adequação e promoção de saúde bucal em idosos sob cuidados paliativos. Condutas clínicas são importantes, mas o “tratamento” psicológico e dor a ser planejado pelo cirurgião-dentista e equipe (demais profissionais e família) são primordiais. Somos poucos profissionais gabaritados para atender pacientes idosos nessas situações e compartilhar decisões, necessitando de atividades formadoras no país. Os cuidados paliativos visam o conforto e dignidade ao ser humano por meio da saúde bucal e utilização de estratégias interdisciplinares. O cirurgião-dentista sabe se comunicar ou decidir tratamentos em saúde sem ter o foco e exclusivo na cavidade oral? Esse é um grande desafio que ainda enfrentamos, formar profissionais que entendam seres humanos idosos, não cavidade oral de idosos!

A realidade é simples: invista no idoso e nas suas individualidades ! Como sempre vamos plantando e colhendo vitórias nos caminhos escolhidos, deixando bem claro que não são todos os profissionais da saúde, da odontologia que apresentam esse perfil e envolvimento profissional seja na odontogeriatria ou gerontologia.

É necessária uma mudança ampla e de configuração do profissional atual e do futuro em saber atuar com idosos – ambulatório, domiciliar e hospitalar. Novas “percepções” nos cursos de graduação, pós-graduações e em pesquisas que possam contribuir na melhoria da assistência odontológica dedicada ao idoso no país.

O futuro que está logo alí espera todo o sistema estomatognático do idoso caracterizada por dentes funcionais, estéticos, com saúde e recebendo o suporte de cirurgiões-dentistas preparados a entenderem e a se dedicarem ao envelhecimento!


Figura 1 – Intervenção odontológica em nível domiciliar (home care) em idosa acometida por quadro demencial –estratégias de adaptação profissional, técnicas de manejo e planejamento interdisciplinar (período pré-pandemia).Responsabilidade ética e profissional do Profº Dr Alexandre Franco Miranda – CRO DF 6711.


Figura 2 – Assistência odontológica hospitalar – UTI – emidoso acometido por COVID-19. Condutas preventivas ecom o foco na adequação do meio oral e qualidade na assistência em saúde. Estratégias sob planejamento interdisciplinar. Responsabilidade ética e profissional do ProfDr Alexandre Franco Miranda – CRO DF 6711.

Referências bibliográficas

1.Miranda AF, Lima SMF, Rezende TMB. Fragile elderly, systemic conditions and dentalhomecare - a mini-review. Archive of Gerontology and Geriatrics Research, 2020;5:17-21, 2020.
2.Rocha DA, Miranda AF. Atendimento odontológico domiciliar aos idosos: uma necessidade na prática multidisciplinar em saúde: revisão de literatura. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2013; 16:181-189.
3.Miranda, AF. The Importance of Oral Healthas Integral Part of the Care Given to Intensive Care Unit Patients. JOJ Nursing & HealthCare, v. 1, p. 555554, 2017.
4.Cunha ES, Franco EJF, Gomes LO, SilvaHS, Miranda AF. Avaliação da higiene bucalde idosos institucionalizados: reflexões parao delineamento de intervenções de educação em saúde. Revista Kairós Gerontologia,2021;24(1):93-112.
5.Miranda AF, Haje GLCE, Paula RM, CostaPP, Biazevic MGH. Assessing the incidenceof tongue coating in patients treated in intensive care units. Revista Brasileira de Odontologia, 2018;75:e1213.
6. Miranda AF. The dental surgeons in thehospital and their professional areas in Brazil: hospitalization units, surgical centers andintensive care units. Journal of Community Medicine & Health Education, 2017;7(1):1-7.
7. Baere TD, Faustino AM, Miranda AF. A importância da prática interdisciplinar da equipe de saúde nos cuidados paliativos. Revista Portal de Divulgação, 2017;53(7):5-19.
8. Oliva A, Miranda AF. Cuidados paliativo se odontogeriatria: breves considerações. Revista Portal de Divulgação, 2015;44:63-69.

Autor: Dr. Alexandre Franco Miranda – CRO DF

• Pós-Doutor em Odontologia (FOUSP e CPO SL Mandic);
• Doutor e Mestre em Ciências da Saúde(UnB);
• Especialista em Gerontologia (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia)
• Gerontólogo Titulado, Gestão em Saúde(Hospital Sírio-Libanês), Saúde Coletiva (Unicamp), Periodontia (SL Mandic) e Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais (UniBF);
• Habilitação em Odontologia Hospitalar(CFO) e Laser terapia (LELO-USP);
• Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado) em Gerontologia e curso de Odontologia (Odontogeriatria, Odontologia Hospitalar e Odontologia para Pacientes Especiais) (Universidade Católica de Brasília); Clínica privada – SPECIAL Odontologia;
• Coordenador do Núcleo de Odontologia (Hospital Sírio-Libanês, Brasília).
• Contato: alexandrefmiranda@gmail.com /+ 55 61 981369896, Brasília-DF.

Data de publicação: 20/01/2022





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Por que contratar seguro RCP?
A partir da Constituição de 1988 e do Código de Defesa do Consumidor, o número de ações de responsabilidade civil contra, dentistas e demais profissionais da Saúde, aumentou consideravelmente. Cada vez mais o consumidor de serviços odontológicos vem acionando estes profissionais, quando se sente frustrado com o resultado de um tratamento ou atendimento recebido, exigindo reparações ou indenizações. E, nenhum profissional, por mais competente e experiente que seja, está livre de uma situação desagradável como esta.

Coberturas/Benefícios
Respeitadas as condições previstas nas Condições Gerais, este Plano de Seguro:
Indenizações: Importâncias devidas a terceiros em decorrência de condenações judiciais por danos corporais, danos materiais e danos morais, decorrentes de omissões cometidas durante a vigência da apólice ou período retroativo de eventos, quando houver, pelo segurado, no exercício das especialidades declaradas.
Custos de Defesa: Honorários advocatícios*, laudos periciais e demais despesas necessárias para a defesa de uma reclamação, seja na esfera cível, criminal ou administrativa.
* O advogado é de livre escolha do segurado.
Acordos: Acordos judiciais ou extrajudiciais, mediante aprovação da Seguradora.
Reclamações nas esferas cível, criminal ou administrativa.

Outros Benefícios:
Possibilita as notificações preventivas de eventos que possam resultar em reclamação futura, evitando a perda dos prazos legais para o segurado buscar a proteção da Cia.
Possibilita até triplicar o limite máximo indenizável (LMI) contratado, exclusivamente para o conjunto de sinistros, ou seja, sem alterar o LMI por sinistro.
Garante, automática e gratuitamente, em caso de não renovação, até 36 meses de prazo, a contar do término de vigência da apólice não renovada, para recebimento de reclamações (Prazo Complementar).
Garante, também em caso de não renovação, mediante o pagamento do prêmio adicional definido nas Condições Gerais, o direito de contratação de um prazo (Prazo Suplementar) que amplia em mais 24 meses, o Prazo Complementar.
Assistência em caso de sinistro: Atendimento integrado de sinistros, através de linha 0800 (ligação grátis). O atendimento prevê o acompanhamento do recebimento de toda reclamação, abrangendo as principais linhas de defesa; a avaliação e mensuração dos incidentes reportados; a orientação, acompanhamento e defesa do Segurado. Todo este acompanhamento é realizado por advogados especialistas e com demandas a nível Brasil para melhor atender o segurado.
Palestras: Possibilidade de apresentação de palestras específicas para esclarecimentos aos profissionais da área da Saúde, inseridos ou não, em seminários e congressos.
Renovação Automática: A renovação é feita de forma automática, tranquilizando ainda mais o segurado na ocasião da renovação do seu seguro quanto a aceitação, precificação e coberturas contratadas.
Apólice Individual: Cada segurado tem sua apólice individual, ou seja, não existe rateio com demais segurados, e muito menos uma precificação em razão do universo de segurados existente na apólice.
Precificação (Custo do seguro, prêmio): O custo do seguro que é a taxa aplicada sobre o capital segurado não sofre alteração. Isto significa que seu seguro não sofre reanalise ou alteração do custo na renovação.
Garantia de atualização das Coberturas Contratadas: Anualmente suas coberturas são atualizadas pelo IPC-A, garantindo assim a atualização de acordo com a inflação do período, não as deixando defasadas.

Perfil Empresarial da JOMANI
JOMANI CORRETORA DE SEGUROS, pessoa jurídica de direito privado, sociedade por quotas de participação, com seus atos constitutivos registrados em 29 de junho de 1987 em Florianópolis, tem sede própria em dois andares em edifício central da capital dos catarinenses, na Rua Arcipreste Paiva, nº 85, o Edifício Cidade de Florianópolis, ocupando-lhe o 1º, 2º e 3º piso.
Registrada na SUSEP – Superintendência de Seguros Privados, Autarquia Federal do Ministério da Fazenda sob o Nº 10.012172-0, e integra o Sistema Nacional de Seguros Privados.
Criada há 30 anos, teve originariamente o propósito de dinamizar aos Servidores Públicos das esferas Federal, Estaduais e Municipais, condições favorecidas de contratação de Seguros de Vida em Grupo e Acidentes Pessoais Coletivo. Hoje sua atuação alcança a todos os segmentos da economia, com forte presença na iniciativa privada, notadamente nos seguros de bens e responsabilidades dos riscos patrimoniais, residenciais e empresariais.
A atuação determinada da JOMANI CORRETORA DE SEGUROS fez com que a empresa conquistasse a confiança dos seus clientes, que hoje a colocam numa posição de destaque como a maior corretora catarinense de seguros de pessoas no âmbito do funcionalismo público.
A JOMANI conta com corretores parceiros em todo o Brasil, o que proporciona agilidade e prestando um atendimento ainda melhor ao profissional. Portanto, não importa qual sua região, sempre teremos um profissional para lhe atender.
Central de Atendimento 0800 606 22 00

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